Uma Sexta-Feira 13 Histórica

Jason Vorhees ganha novo filme com estilo e sem exageros como suas últimas visitas as salas de cinema. Uma vez mais, o Acampamento Crystal Lake é um lugar a ser temido.

A criação da cinessérie de terror Sexta-Feira 13 aconteceu quase que por acidente em 1980, mas reascendeu o interesse por um gênero repetitivo e fadado aos lançamentos direto para VHS. Pouco antes de seu aniversário de 30 anos, o assassino da máscara de hóquei faz as pazes com sua máscara e sua machadinha para aterrorizar uma geração que ainda não conhece a maldição do Acampamento Crystal Lake. Em filme bem-humorado estrelado por Jared Padalecki, da série Supernatural, Jason é soberano na hora de apavorar e esbanja criatividade nas inúmeras mortes do roteiro. É sangue que não acaba mais.

Não havia dúvidas que depois de Jason X – no qual o personagem resistiu até mesmo ao fim da Terra e foi ao espaço continuar sua carreira sanguinária – significava o fim da linha para Jason Vorhees, porém, os produtores Andrew Form e Brad Fuller, que se especializaram em retrabalhar grandes clássicos do terror como Horror em Amityville, A Morte Pede Carona e O Massacre da Serra Elétrica, queriam recuperar a essência do personagem.

E esse conceito é simples: leve um bando de gente para um lugar remoto, solte um assassino que nunca morre e seja criativo, com bom-humor se possível. Foi justamente o que aconteceu com o novo Sexta-Feira 13, um filme que não se leva a sério, coloca seus personagens – novamente, jovens com QI de ostra em coma – em situações que forçam a decisões como: entro na cabana macabra no meio da noite ou procuro ajuda? Claro que eles decidem entrar e morrem das maneiras mais divertidas.

Aliás, os produtores passaram por situações curiosas e atraíram muitos olhares desconfiados enquanto conversavam, muitas vezes pelo telefone, sobre como “matar pessoas”. Deve ser agradável ouvir o sujeito da sua frente na fila para o café falando calmamente: “acho que devemos usar o machado para cortar o braço e, depois, para finalizar, o sujeito leva com um porrete bem no meio da testa. Morte certa!”. Lembrou quando o pessoal que jogava PlayByMail de Senhor dos Anéis se reunia para discutir estratégia.

É claro que a maioria do elenco vai morrer, é claro que Jason vai guardar alguma energia para um próximo filme, mas quem se importa? Sexta-Feira 13 é o retorno de Jason Vorhees às telonas sem grandes invenções bizarras de roteiro e sem grandes objetivos. “Temos mulheres bonitas [Amanda Rigetthi, de The Mentalist], um galã do momento [Jared Padalecki] e, acima de tudo, Jason, do que mais um filme divertido precisa?’, pergunta Andrew Form, em conversa com o SOS Hollywood. “O importante era não deixar de lado a sensação que assustou nossa geração e o Crystal Lake é o lugar onde a mágica acontece. Foi só fechar o roteiro, que teve quatro tratamentos, e filmar tudo”.

Quem dirige é o alemão Marcus Nispel, de O Massacre da Serra Elétrica e Pathfinder, sujeito de aparência peculiar – deve ganhar uns trocados quando fica muito tempo sentado num banco de praça – cuja missão era executar o renascimento de Jason da maneira mais real possível, mas, acima de tudo, manter o grandalhão Derek Mears (1,96cm) na linha. É difícil acreditar que um sujeito com aquele tamanho e o porte necessário para inspirar medo atrás da máscara de Jason seja um comediante treinado e, claro, naturalmente engraçado. E o resultado foi assustador, especialmente a apresentação da nova máscara. Essa peça, aliás, foi razão de grande revolta entre os fãs logo que o projeto foi anunciado, mas, sem estragar a surpresa, o balanço temporal entre o primeiro filme e o surgimento de Jason com a máscara foi muito bem pensado. Foi algo similar ao ver Darth Vader vestir sua máscara pela primeira vez.

Sexta-Feira 13 é aterrorizante, dentro de suas limitações, e engraçado. Afinal de contas, um bando de jovens juntos pode fazer muita bobagem antes do maníaco da machadinha aparecer e dar cabo de todo mundo. Os momentos cômicos estão bem inseridos na trama e o talento de Aaron Yoo ajudou bastante. Ele interpreta um personagem chamado Chewie, o palhaço do grupo e, merecidamente, o único que se destaque em meio a tantos rostos que se esforçam para chamar a atenção e “serem belos”. Um desses casos é Travis Van Winkle que, além de ser irritantemente parecido com Tom Cruise, não consegue convencer nem mesmo quando abre uma lata de cerveja. É aquele tipo de personagem que faz o espectador torcer para que morra logo. E ele vai para o além de forma magistral! Palmas para os diretores! hehe!

Já Jared Padalecki mostra que seu treinamento em Supernatural fez bem e soube lidar perfeitamente com a inusitada situação envolvendo Jason Vorhees. Quase tão alto quanto Mears, Padalecki (1,93cm) aproveitou sua chance de estrear como estrela solo – seu companheiro de cena em Supernatural, Jensen Ackles, também entrou na onda ao estrelar My Bloody Valentine, remake de Dia dos Namorados Macabro. Diferente de Sam Winchester e cheio de vontade para fazer sucesso, Padalecki foi um dos poucos membros do elenco preocupados em realmente atuar. Foi recompensado pelo esforço. O mais bacana foi ele ter noção de que “cara, é o Jason! Não importa seu tamanho, não dá para ganhar a briga!”.

Sexta-Feira 13 chega aos cinemas para lembrar de que boa diversão pode vir das mais inesperadas fontes e que, na reta final para o Oscar, tomar alguns sustos também faz parte da brincadeira. É diversão garantida, afinal, todo mundo quer mesmo é ver sangue e gente morrendo de modos bizonhos!

Ah, e se você é dos xiitas que está pensando em quando a máscara aparece, assistiu o primeiro e sabe o que a mãe do Jason estava aprontando, bem, muitas surpresas o aguardam! O início do filme dá medo, muito medo!

por Fábio M. Barreto,
de Los Angeles

Sobre 

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

    Saiba mais sobre mim:
  • facebook
  • googleplus
  • linkedin
  • twitter
  • youtube

31 comentários sobre “Uma Sexta-Feira 13 Histórica

  1. @ Fábio M. Barreto

    “Quem dirige é o alemão Marcus Nispel, de O Massacre da Serra Elétrica: O Início e Pathfinder […]”

    Só corrigindo, o Marcus Nispel dirigiu “O Massacre da Serra Elétrica” (remake, de 2003), e não “O Massacre da Serra Elétrica: O Início” (2006), que foi dirigido pelo Jonathan Liebesman.

  2. O Massacre da Serra Elétrica (remake, de 2003), ficou bom, se esse manter o padrão, tá ótimo.

    Barretão, quer dizer que aqui sai as gostosinhas sobreviventes e entra o caçador de fantasmas, humm, isso é quebra de protocolo!

    (desculpe, sei que não é o lugar mas…)
    Silvia Penhalbel, da Scifi News?! admiro teus comentários na revista há anos, feitos de fã pra fã, que a força esteja sempre contigo!

  3. Perfeito! Assistam!

    O filme remete aos antigos (especialmente os 3 primeiros, obviamente). Tudo é excelente! As piadas não são estúpidas como nos antigos. A introdução é maravilhosa. Sustos, mortes, a tensão e, claro, Jason. Sempre mortal, porém, dessa vez, mais ‘humano’ que nunca. Recomendo a todos.

    Espero quanto antes uma sequência! =)

  4. Assisti na estréia e posso dizer que me diverti pacas, fora que a censura por ser 18 anos fez com que uma pivetada chata pra caramba que estava na minha frente na fila de compra de ingressos fosse eliminada de cara, só faltaram chorar quando souberam da noticia…hehehe..quase chorei de emoção!

  5. Fui um daqueles fãs de sexta-feira 13 desde criança e sempre achei o máximo ver em VHS o figura imponente e aterrorizante do Jason, me tornei fã e assisti a todos os filmes. Este último foi bom, mas desejou a desejar, um tanto quanto previsível, esperava ver elementos dos primeiros filmes sim, porém com um pouco mais de audácia nas mortes e cenas de perseguição. Antes de ver li reportagem sobre o Jason ser diferente e rápido e o que vi, foi uma cena curta aonde ele corre, poderia ser melhor explorada esta habilidade para assustar os fãs que assitiram nas telinhas. Mudaria tb aquelas cenas idiotas e previsíveis aonde as pessoas tropeçam » caem » morrem. Enfim, esperava um pouco mais de perversidade, criatividade e inovação… mas assistam…

  6. Muito bom o filme. O mais legal é descobrir as referências aos antigos filmes da série, que são várias. E naquela primeira parte do filme, antes de aparecer o nome dele, é legal também contar o número de clichês de filmes de terror, como “drogado que morre”, “casal que transa e morre”, e coisas do tipo!

  7. Pingback: SOS Hollywood

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *