Entrevista

[Max Payne] Mila Kunis: Pronta para Matar

Demorou para que muitas de nós (mulheres) assumíssemos e também para que o resto dos jogadores percebesse que brigamos de igual para igual no mundo dos games

LOS ANGELES – Mila Kunis está muito distante da imagem da bobinha Jackie em That 70’s Show. Madura, mais bonita e muito séria em cena, Kunis aparece como a letal Mona Sax, na adaptação do jogo Max Payne para as telas de cinema.

A atriz é viciada confessa em video games, está feliz da vida em seu relacionamento amoroso com Macaulay Culkin (companheiro amoroso e nas campanhas de RPG no computador) e pretende seguir sério na carreira de cinema.

Essa foi a segunda vez que encontrei com Mila Kunis. Na primeira ocasião, fui um dos assessores de imprensa que a levou ao Brasil para divulgar That 70’s Show – que adoro, aliás – e claro que isso rendeu boas risadas antes do início da entrevista, afinal, ela passou de menina alopradinha a atriz cheia da grana em alguns anos. E o meu salário, ó! hahah Conversamos sobre Max Payne, filmes e, claro, video games. Confira!

    Vocês chegaram com tudo na Comic-Con e deixaram os fãs malucos com as cenas de ação. Mas o filme não tem tanta ação. Essa mistura vai ser ideal para o público?
    Acredito que sim, afinal de contas estamos falando de um herói que faz tudo aquilo por um motivo. Alguém como ele poderia existir, sabe. Tem muito fã de games envolvido na produção desse filme, então, eles sabiam exatamente o que fazer.

    John Moore falou muito sobre as novas técnicas e câmeras que ele criou para esse filme. Isso afetou a atuação? Melhorou, piorou?
    Não deu nem para perceber. É interessante que hoje em dia tudo isso é criado e a gente só vê o resultado quando o filme está pronto, pois a atuação é a mesma e a orientação do diretor também. Curioso como tanta gente fica alucinado por essas coisas, que não passam de um detalhe técnico.

    E como vocês não fizeram tantos efeitos especiais…
    … quase tudo o que você vê na tela é de verdade. Tínhamos uma máquina gigante de fazer neve, mas já estava muito frio. Quem reparar na respiração dos personagens vai ver que aquela fumacinha era verdadeira. A gente usava tanta roupa fora das filmagens, que ninguém conseguia se reconhecer direito. Foi hilário!

    No meio dessa diversão toda, você andava com armas como se fossem parte da sua roupa normal, não?
    John sempre me pediu para entender a arma como uma continuação do meu corpo, para que ela ficasse normal ali, nada de pose forçada ou aquela coisa meio gangsta, sabe. Criei uma espécie de memória muscular envolvendo a postura e o peso da metralhadora. Passei por cursos de segurança, manuseio, tiro e, até mesmo, aprendi como limpar uma arma de fogo. É impressionante como ficar armada dá mesmo a impressão de poder encarar qualquer um, mas é uma ilusão muito ruim. Mas, definitivamente, tamanho não é o documento quando se trata de armas.

    E como foi filmar todas aquelas cenas de ação?
    Sempre achei que tudo fosse mais grandioso e complexo, mas o trabalho de edição realmente se faz presente nessas horas. Filmamos tudo em pedacinhos por uma razão importante: segurança. Na maioria das cenas, há coisas explodindo, pedaços de set voando pelo ar e sempre precisamos ficar atentos para o ângulo em que atiramos e com o que interagimos, para que a equipe de efeitos entre depois e complete o trabalho.

    Hoje seu foco é mesmo o cinema, mas você sente falta da TV? Afinal, foi That 70’s Show que começou com tudo, não?
    Serei eternamente grata ao That 70’s Show, mas TV não me atrai mais.

    Assisto às reprises sempre que posso…
    … você precisa de outro hobby! (gargalhadas!)

    Não gosta?
    Adoro, mas, profissionalmente, é repetitivo demais. Filmar todos os dias no mesmo lugar, mesma equipe. Adorava o pessoal, mas, hoje, não voltaria à TV. Claro que tudo pode mudar, mas quero ficar o máximo possível no cinema. Forgetting Sarah Marshall foi legal e, agora, com Max Payne consegui entrar nos filmes de ação, que pode ser uma nova vertente. Vamos ver o que acontece.

    E que história é essa de você ser viciada em World of Warcraft!
    Aquilo é demais! Tenho dois personagens nível 70 e jogo por horas e horas sem perceber. É viciante demais.

    Mas você parou por um tempo. Qual a razão do retorno?
    Vai sair a nova expansão (Lich King) e preciso jogar tudo aquilo!

    Está mais fácil para as meninas jogarem hoje em dia?
    Acho que sempre foi, na verdade. É que demorou para que muitas de nós assumíssemos e também para que o resto dos jogadores percebesse que brigamos de igual para igual. Esse monte de filmes sobre o assunto e as bilheterias só mostram para quem pensava assim que não há diferença. Girl Power!

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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