Supernatural atinge momento mais baixo na quarta temporada em episódio sem surpresas, muitas referências e pisada na bola do marketing.

Os moradores de uma pequena cidade conseguem tudo o que querem em uma Fonte dos Desejos, mas os roteiristas deveriam ter jogado uma moedinha pedindo mais cuidado na campanha de marketing de Wishful Thinking, mais recente episódio de Supernatural. Além do fato de ser exibido depois de uma seqüência de episódios portentosos e marcantes, o último capítulo sofreu com as propagandas, que contaram praticamente tudo que aconteceria na trama, que tinha tudo para ser engraçada, mas perdeu seu charme.

Logo depois de It’s the Great Pumpking, Sam Winchester, o CW exibiu o vídeo promocional de Wishful Thinking e parecia fantástico! Uma cidade onde todos os desejos se realizavam! Mais um trabalho para os Irmãos Winchester. Hora de quebrar tudo e salvar o dia! Bem, mais ou menos. No trailer, um dos personagens – vivido por Ted Raimi (o Joxer, de Xena) – tinha pedido para uma beldade o amasse mais que tudo. E não é que esse era o grande mistério que Dean e Sam precisariam desvendar? Logo, mistério algum em termos de roteiro e um tiro no pé da programação.

Imaginar um poço dos desejos foi uma boa sacada do roteiro, afinal, quem nunca ouviu falar dessa lenda? E ver a dupla no momento pateta do episódio tentando arrancar uma moeda amaldiçoada do fundo da tal fonte gera boas risadas. O outro bom momento é a descoberta de um urso de pelúcia gigante que ganhou vida, se frustrou com a realidade e se tornou suicida. Tudo isso é parte da realidade dos desejos, que são concedidos, mas sempre de forma perturbada, negativa e assustadora.

Esse episódio apostou em referências óbvias dentro do gênero. A moeda responsável pela maldição é uma peça babilônica capaz de criar o caos e aniquilar cidades inteiras. Inevitável pensar na série Wishmaster, de Wes Craven, o mestre do terror. O gênio babilônico de Craven concedia desejos malévolos e deturpados em troca da alma das pessoas que, claro, não sabiam de nada até que fosse tarde demais, assim com os desesperados de Wishful Thinking. Como Supernatural tem um tom muito mais cômico do que as criações de Craven, a festa do desejo acaba parecendo muito mais com o “momento deus” de Jim Carey em Todo Poderoso, quando ele resolve responder sim para todas as preces.

O episódio não é ruim, mas foi prejudicado por muita coisa. Primeiro ter seu desfecho revelado pelos comerciais, depois pela boa seqüência de capítulos focados na trajetória de Dean e Sam e, por fim, pelo roteiro constante e sem grandes sacadas. Claro que um respiro era necessário em meio a tantas demandas angelicais pra cá, fim do mundo pra lá, mas Supernatural sempre primou por histórias arrojadas e essa tendência não se manteve em Wishful Thinking.

No meio de tudo isso, Dean e Sam têm alguns atritos por conta da memória de Dean enquanto esteve no inferno. Os personagens evoluíram nesse sentido, especialmente pela decisão do irmão mais velho ao assumir ter lembranças de seu sofrimento, mas não vai contar ao caçula. Embora importante, esse novo desenvolvimento da dupla não justifica um episódio inteiro e deixou a desejar.

De qualquer forma, um bom número de audiência foi registrado e reforça o bom momento da série que chegou perto de 4.8 milhões de espectadores, mas muito por conta da boa seqüência de episódios e da grande expectativa em torno do especial de Halloween, que foi bem e recuperou a imagem positiva de Supernatural na programação do CW. Entretanto, os problemas de Wishful Thinking pode provocar uma queda nos números na próxima semana. A concorrência não brinca em serviço e trocar de canal é muito fácil, para encontrar algo tão bom quanto. E se até mesmo Smallville está melhorando, Supernatural não pode parar para respirar e precisa manter o pique até o final da temporada. Falta muito, mas não há piedade para audiência baixa.

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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6 Comments

  1. Realmente, se não melhorarem vai acontecer igual moonlinght, ai não vai existir poços de desejos ou Anjo que retire a serie do inferno, digo.. buraco.

  2. Tah certo que foi um dos piores episódios da temporada, mas gerou algumas risadas!
    A série esta muito boa nesse 4° Season, com episódios bons e divertidos. É uma das melhores séries que acompanho atualmente, junto com Dexter que também está muito legal!

  3. XARÁ, não acredito e torço para que essas “falhas” dos produtores, tais como revelar o desfecho do episódio pelos comerciais, sejam eventuais e não se tornem rotineiras, bem como que a série tenha longa duração.
    “É uma das melhores séries que acompanho atualmente” (2)
    WINCHESTER BROS RULES!
    Saudações,

  4. Olha, vou te dizer que eu achei engraçado o ursinho depressivo.

    Fora isso, foi um um episódio bem feijão com arroz e se Supernatural é o que é, com certeza não é graças a episódios como esse.

    Alem do que a idéia do Sam destruir a moeda foi idiota. Ok, omundo acabando e os caras me jogam fora um negócio desses? Porra, guardasse numa das caixas pretas que o Bobby faz, sei lá, a coisa já tá tão dificil e os caras jogando armas como essa fora?

    Eu sei, eu sei que era um episodio “4fun” e que não deve ter consequencias no metaplot (a não ser o fato do Dean assumir que não vai falar do inferno), mas ficou fraco…

  5. Depois de episódios como os iniciais, ficou difícil fazer alguma coisa mais leve sem correr o risco do público achar fraco.

    Eu não achei fraco, achei normal só isso.

    Sem comparar com os outros, foi engraçado.

    Gostei do ursinho bipolar, morri de rir com a tentativa de suicídio dele e com o menininho virando o valentão e socando o Dean.

  6. @ssilvia

    O episódio em preto e branco, por exemplo, foi leve mas teve uma boa sacada (se algumas pessoas podem não bater bem da cabeça, pq shapeshifters teriam que ser todos “padrão”?), cheio de referencias e cenas engraçadas (como o Vampiro comprando pizza).

    O problema não é o episodio ser leve, o problema o episódio ser… esquecível.
    Tirando é claro o ursinho, hahaha

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