Do hype pela expectativa à assimilação da pancada pelo estilo dos alunos, muitos deles totalmente “sem noção”, saiba como foram as primeiras duas semanas de aula.

por Fábio M. Barreto, de Los Angeles

Fui pego pelo hype que tanto critico nos filmes quando cheguei à faculdade. Um hype diferente, claro, mas, essencialmente, a mesma expectativa exagerada provocada pelas campanhas de marketing, trailers enganosos e fanboys sem critérios espalhados pelo mundo virtual. Seja por conta da minha decisão ousada de iniciar o curso (tente estudar, ter filhos, trabalhar para diversas revistas, passar 40% do seu dia na frente da TV ou no cinema… aos 32 anos e ainda ter esperanças de sair ileso disso tudo! hehe), ou pelo cenário mental construído em torno da potencialidade do curso, algumas coisas foram beeeem diferentes do que imaginei e demorou duas semanas para assimilar o impacto. Vale ressaltar a neutralidade do impacto, por esse início de texto, pode-se pensar facilmente que não gostei ou que é ruim. Não é isso, foi simplesmente diferente demais. E tudo começa pelo estilo de aula, que está adaptado a um estudante mais despreparado que a média brasileira.

Quando decidi estudar cinema, no final de outubro de 2010, montei um cenário para analisar a situação. Dinheiro para pagar uma das top não existe, então UCLA e USC estão fora (média de US$ 48 mil POR ANO), o curso do Americal Film Institute também (mesma faixa de preço para especialização em roteiro) e começar trabalhando em produção não rolava pela restrição do meu visto, que não permite trabalhar em nada além de jornalismo. Pelo lado positivo, a LACC é a universidade mais próxima de casa (10 quarteirões, ou seja, 5 min de carro), tem um preço bem acessível, formou muita gente interessante (Clint Eastwood, Albert Hughes, Robert Elswit, etc) e ainda por cima é o melhor curso de cinema do país em universidades subsidiadas pelo município. Aliado a isso, pensei muito na localização cultural dos eventuais colegas de curso. Pensemos: brasileiro que gosta de cinema faz isso por opção. Viver só de TV aberta não rola, então o cara tem que investir em DVDs, TV a cabo, paga uma nota para ir ao cinema e agora tá gastando tudo de novo para comprar Blu-Rays! 🙂 Mas, enfim, fazemos isso por opção. Imaginou o cara que cresceu aqui? Em Hollywood? O bombardeio de cinema é tão intenso, os clássicos que a gente assiste e lê, por escolha no Brasil, aqui são ensinados na escola. O Hobbit, por exemplo, é leitura da grade curricular. Assistir Tempos Modernos está em diversos programas de colegial. É uma outra relação com o cinema, que sustenta a cidade, ou seja, muitas dessas pessoas devem suas vidas ao salário pago a seus pais pelas companhias, produtoras e prestadores de serviços ligados aos filmes.

Cenário bacana, certo? Pagar pouco, estudar com um pessoal que curte e conhece, poder dirigir meus primeiros curtas em seis meses e, de quebra, não ficar no trânsito por horas. Esqueci de um detalhe: não computei o aluno sem noção. E, meus amigos, ter que aguentar esse pessoal, depois de ter ouvido, lido, escrito e assistido tudo que pude desde meu primeiro contato com o cinema é o maior teste de auto-controle do universo! Passar 4 horas com essa galera todos os dias pode EXPLODIR SUA CABEÇA, como diria o JovemNerd! Até agora não pulei no pescoço de ninguém, por pura questão de respeito e desejo de não ser odiado por tão seleto grupo, mas a maioria deles não pensa em respeitar os outros quando começa a falar bobagem.

Vou dar um exemplo, que, acredito, você possa se identificar e compreender o motivo dessa minha frustração.

No Tempo das Diligências (Stagecoach), de John Ford e com John Wayne ainda cheirando a talco! Filmaço, certo? Faroeste clássico e obrigatório! Muita gente nem sabia que o filme existia, mas isso não é razão para crítica. Faculdade serve para isso: para ensinar e educar. Assistimos ao filme e aí começou o debate. Uma sequência de bobagens já havia engordado a discussão quando uma garota, Sophia – que, ouvindo conversas de corredor, se considera um prodígio na crítica… adivinhem o que ela faz da vida? blogueira! – aquela que fala “you know”, “like”, e começa cada sentença com “what I like”, “I think”, ou seja, tudo relativo à sua análise e não ao fato analisado, solta mais uma de suas pérolas.

[Nota necessária para que o resto faça sentido: quase no fim do filme, quando os Apaches atacam a diligência, um dos personagens decide poupar uma das mulheres do grupo do fim trágico na mão dos índios que, sugerido anteriormente, envolveria estupro, morte e escalpo. Logo, com sua a última bala de sua pistola, o sujeito aponta a arma para a cabeça da moça e, quando vai atirar, sua mão perde a força e o revólver cai. Quatro ou cinco cortes mais tarde, vemos esse personagem sendo ajudado pelos demais. Ele levou um tiro na hora em que mataria a donzela. A narrativa é direta e linear, não há dúvidas no que aconteceu. Não usei nomes de atores ou personagens para evitar o spoiler total, pois vale a pena ver o filme. Tem em DVD no Brasil!].

Eis a contribuição: “Eu adorei os cenários e a valorização da fotografia, mas o roteiro não fez muito sentido. Não entendi por que ele daria o tiro na mocinha e entendi menos ainda quando ele desistiu de atirar. Ficou confuso. Filmes dessa época não se preocupavam muito com lógica pelo que estou percebendo”. Sem discutir o caminhão de atrocidades provocado por essa frase, deu para entender o meu ponto? São coisas óbvias e que foram mostradas em cena que geram os maiores debates em aula. Eles simplesmente não entendem o que está diante deles! A matéria é História do Cinema, não Crítica Online 1-1. O abismo cultural existente entre esses dois momentos do povo americano é gigantesco. Um estrangeiro consegue captar sutilezas, mudanças de estilo de discurso e focar a discussão no lugar certo sem se preocupar com o “eu”. E não falo por mim, não. Há muitos estrangeiros na turma e comparando os comentários, dá para notar a melhor compreensão da gente sobre os americanos. E tem outra coisa, a maioria da garotada ali é “geração blockbuster”, que ficou mal acostumada em supervalorizar sua opinião e não ter muito o que aprender, afinal, eles tem leitores e seguidores, certo? Logo, se acham capazes de ensinar e isso, goste ou não, é um erro fatal.

Por isso chamei de “aluno sem noção”, e não de burro (e há alguns por ali, mas isso não vem ao caso). Vai haver o momento de crítica no curso, com certeza, mas agora é o momento do debate histórico, de entender as forças e fraquezas de Cidadão Kane, por exemplo; ou o paralelismo social de The Thing from Another World, em vez de ficar falando “o protagonista é muito sério e não convenceu”. E daí que o aluno não gostou? Por gostar mais de uma educação clássica, penso que função do aluno é perguntar, extrair informações do professor, participar do debate com leituras cabíveis, não com um festival de “euzices”, por muitas vezes longas e desinteressantes.

Felizmente, há esperança e algo que contarei para vocês com calma, mais para a frente. Mas só para dar o gostinho: a melhor aluna da sala tem apenas 14 anos, faz filmes há 5 anos, e despertou a paixão pelo cinema na mãe, que se matriculou com ela. Fantástico, não?

Continuando, afinal isso aqui não é muro das lamentações e nem consulta com analista, tem mais informação sobre o curso. Bem, já estabelecemos que existe o despreparo cultural. E, agora, rapidamente, vamos definir a preguiça acadêmica. Teremos duas provas, uma no fim da semana que vem, se não me engano, e outra no final do curso. Estamos lendo muita coisa, assistindo muita coisa e anotando muita coisa dos filmes. Isso é ótimo! Boa carga. Entretanto, muitos dos alunos americanos e mais novos foram insistir com a professora para terem um “study guide”, basicamente, uma lista de perguntas relacionadas à prova. Resultado, temos 130 perguntas das quais 30 vão formar a primeira prova. Tomei um susto com isso. Estudei assim apenas uma vez, numa aula mala de economia, no primeiro ano de jornalismo e foi só. Para maior espanto, tinha gente pedindo as respostas para a professora. Aí ela deu um basta, manteve o study guide, mas não vai repetir a dose na prova final. Isso me faz pensar: que tipo de sistema de estudo é esse que vicia o aluno em provas feitas desse jeito e, às vezes, com respostas? Descobri que isso é prática constante no colegial por aqui. O aluno só precisa decorar as perguntas, assinalar a alternativa correta e, pronto, ele “aprendeu”.

Falando em coisas legais, além de ver diversos clássicos na telona (Nosferatu, No Tempo das Diligências, Cidadão Kane e Ladrões de Bicicleta, que me faz chorar toda vez, não tem jeito), estou mudando o modo como vejo os filmes. Nunca gostei de anotar coisas durante o screening para escrever as matérias, mas agora sou obrigado, pois cai na prova. Entretanto, estou focando na parte técnica, nas movimentações de câmera, posicionamento de cenários, proporção de uso de tela para um ator ou elemento, tipos de transição e, especialmente, as possibilidade de comunicação usando apenas a câmera, sem nenhuma linha de diálogo e, às vezes, sem close up ou ninguém em primeiro plano. Um exemplo disso, Lawrence da Arábia: vemos o deserto, lá longe, dois pontinhos começam a se mover nas dunas. O deserto toma conta e isso é fundamental para o filme, pois vemos Lawrence “invadindo” aquele ambiente, que é mais importante e grandioso que ele, e só vai conseguir concluir sua jornada quando se unir a ele e usar sua força para sair vitorioso. Cenas desse tipo – especialmente quando estão no início do filme, o que não é o caso – dizem muito sobre o restante do filme e, nesse caso, ninguém precisa falar nada para que isso seja estabelecido. Veja a cena (entre 39s e 1m01):

Ainda não sei até que ponto isso vai afetar minhas análises, até então, guiadas pela Análise de Discurso. Entenderam agora por que não me considero crítico e faço “análises”, em vez de críticas? Estudei muito para poder fazer esse tipo de análise e fiz pós-graduação no assunto, isso sem contar os 15 anos de profissão. Com certeza vai mudar, mas ainda não escrevi nenhuma desde que o curso começou, se bem que lembrando do RapaduraCast sobre Ben Hur, já fiz comentários atípicos para meu estilo. É o famoso vivendo e aprendendo. E agora é hora de reinventar tudo, novamente. Digamos que esteja ganhando novas ferramentas, mas o carro é o mesmo. Ele só vai poder correr mais e ter mais controle nas curvas. Afinal, tem um monte de gente dentro do carro e preciso tomar cuidado não deixar ninguém voar pela janela!

Até a próxima!

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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23 Comments

  1. kkkkk
    Acho que o choque é inevitável, principalmente no caso de culturas acadêmicas distintas. Como você, prefiro o modelo mais tradicional de ensino e avaliação.
    Eu, estudante de Letras, sofri com a mesma angústia nas aulas de Estudos Culturais quando vi pessoas vomitarem certas asneiras que causaram constrangimento geral.
    Mas é isso, aí, c’est la vie! Você está correndo atrás do seu sonho e, com certeza, o saldo será positivo. Nenhuma jornada é realmente fácil, né? E a vida guarda surpresas… Daqui a pouco você vai até se apegar a essa “nonsense youth” que faz parte do ambiente de faculdade. ahashuashuas
    Sucesso 😉

    1. Jacque, se eu me apegar a isso, manda me internar! hahahahahahha
      Minha filha vai sofrer horrores na adolescência dela! haha. Pq a alternativa é virar o pai do Modern Family, e todos sabemos que aquilo NÃO funciona, além de ficar hilariamente patético! LOL

      bjs

  2. “Isso me faz pensar: que tipo de sistema de estudo é esse que vicia o aluno em provas feitas desse jeito e, às vezes, com respostas? Descobri que isso é prática constante no colegial por aqui. O aluno só precisa decorar as perguntas,assinalar a alternativa correta e, pronto, ele “aprendeu”.-”

    Mas isso acontece aqui no br também, onde os alunos são programados para os vestibulares, não?

    Acho que só de poder ver clássicos na telona já vale a pena os euzismos, trabalhos e etc’s hein. rs

    E não teria paciência para focar nas partes técnicas, isso deve mudar o modo de ver um filme, que nem aqueles caras que trabalham com programação de jogos e dizem que não conseguem mais ter o mesmo prazer de jogar como antes. rs

    1. No meu caso, Teles, saber da parte técnica tem aumentado a vontade, pois agora consigo entender algumas decisões de produção (certas ou erradas), com mais facilidade. Gosto de compreender o mecanismo, mas ajuda o fato de eu me afastar propositalmente do hype da maioria dos filmes. Ver um filme sem saber muito a seu respeito ainda é uma das melhores coisas! 🙂

  3. Primeiramente parabéns pela sua iniciativa e coragem, gosto muito do seu trabalho, continue!!! Realmente suas colocações só reforçam aquela imagem que o americano médio tem de idiota e egocêntrico, infelizmente isso acontece aqui também.. Quando estava na faculdade fazendo curso (petróleo e gás) o que mais vi foi aluno pedindo “questionário” pra prova, e com as respostas claro!! Isso me dava muita raiva, o povo não quer pensar, apenas decorar respostas e pronto… Acho que esse “emburrecimento” está ficando generalizado e isso me preocupa, que tipo de cidadãos esse povo será no futuro… Realmente tem que ter uma paciência de Jó pra aguentar certos tipos de comentários, colocações e até mesmo o comportamento de certos indivíduos em sala de aula… Mas não esmoreça caro amigo, bola pra frente e ripa na chulipa!!! Um forte abraço!!!

    1. Valeu, Denys!

      Uma pergunta: do pessoal que se formou com vc, aproveitando desse esquema de decoreba, qual a porcentagem dos que efetivamente entraram no mercado de petróleo e gás?

      abs e obrigado!

      1. Na minha turma acho que uns 15 (incluindo eu) completaram o curso, e desse povo eu só sei de um (que aliás já trabalhava nisso quando foi fazer o curso) que está empregado. O problema principal a meu ver é o reconhecimento do curso de Tecnólogo pelo mercado (principalmente a Petrobrás), desconhecem as atribuições e do que somos capazes apesar de já termos registro no CREA e no Cadastro Brasileiro de Ocupações… A galera da decoreba tem problema pra pensar de verdade, se o professor fizer um exercício em sala e depois trocar alguma coisa do mesmo exercício muitos não conseguem fazer, é patético…

  4. Bá, vou te dizer que aqui em SP os professores são “orientados” a usar nas provas questões que já foram feitas em sala de aula, de preferência iguais.

  5. Cara, adorei o texto, sempre tive vontade de estudar cinema, então lendo suas experiências dá pra imaginar como deve ser incrível, continur falando sobre seu curso sempre que puder!

  6. Bom, estou fazendo faculdade de Cinema aqui no Brasil, mais especificamente em Salvador, e o que mais me impressionou é que a maioria das pessoas da turma não tem uma cultura cinematográfica esperada (ou pelo menos que eu esperava) de alguém que cometeu a “loucura” de fazer faculdade de cinema no Brasil, muitos são da citada geração Blockbuster (não necessariamente por causa da idade, eu por exemplo tenho 20 anos) e desconhecem um mínimo de história de cinema e não viram quase nada dos clássicos, muitos destes saíram nos primeiros semestres (e espero que não saia mais ninguém já que existem apenas 16 alunos na sala), e conversando com uma professora minha de Teoria e História do Cinema e Vídeo, ela disse que isso era comum e que muitos deles (os que ficarem) vão adquirindo essa cultura ao longo do curso. Estou atualmente no 3º semestre e vou seguindo firme, quando entrei na faculdade pensei que encontraria uma galera apaixonada por cinema e que ficaria até intimidado com o conhecimento de alguns (pois acredito que eu tenho MUITO ainda o que aprender), mas não foi o que encontrei quando cheguei lá, uns (muito) poucos compartilham meu nível de paixão pelo cinema, mas espero que isso mude, espero que todos ao decorrer do curso sejam seduzidos pelo mundo fantástico do cinema como eu fui.
    P.S.: Boa sorte nessa sua nova aventura Barreto!

    1. Fantástico isso, Thiago! Fico mais calmo ao saber que essa expectativa não foi só minha. É meio de se esperar, não? “Vou estudar cinema, vai ter uma galera fera!” E aí lugar está cheio de para-quedistas! Valeu mesmo. Esse comentário ajuda a ver o outro lado da moeda. Uma coisa então podemos ter certeza: os dois países estão no mesmo pé!

      Por favor, comente mais sobre o seu curso também, sempre que puder! :p E muito boa sorte! Nos vemos em Cannes! 😉

      1. Na real, Fábio, acho que isso acontece com a maioria dos cursos. Logo quando entrei na UFBa me choquei com algumas pessoas que não pareciam sequer gostar de ler (acho que o mínimo p/ quem vai fazer Letras) ou de debater sobre cultura. muitos pareciam ter entrado na faculdade sem o mínimo de ideia do que envolve o estudo das Línguas Portuguesa e Inglesa. Foi meio frustrante pra mim, no início. Estou no 5º semestre e várias pessoas já abandonaram, pediram transferência de curso ou fizeram vestibular p/ outra coisa.
        =/

        1. Meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeedo!
          Pô, eu saí da faculdade em 1999. Aí voltei em 2003 pra pós, que era outro esquema. Mas em 99 a coisa ainda estava no rumo certo. Sem bem que foi before the Dark Times, Before the Empire.. oops, do Processo Seletivo. Não imaginei que tivesse mudado TANTO nesses anos. 🙁

          1. Essa cultura na qual todo mundo tem que ser bacharel está f* o ensino superior.
            Pelo menos os acadêmicos não defendem mais essa popularização extrema e desnecessária como defendiam alguns anos atrás.

            Entrei pro curso de Jogos Digitais na PUC-SP. Se o pessoal já é paraquedista com cinema, imagine com games?!

            MEDÃO!
            Quero só ver o que vai ter de nego se borrando quando descobrir que não vai conseguir fazer um GTA no sozinho no Photoshop e com JAVA.

            Mas por outro lado, pensando de forma egoísta, quando a turma é ruim e vc claramente é bom, vc abre portas… Seja pra pegar uma iniciação científica ou ir fazendo contatos. =)

            Boa sorte, pra nós Fábio!

          2. A vírgula ficou no lugar errado. Na verdade é boa sorte para TODOS NÓS.

            Beigos.

  7. Entendo a frustração, principalmente por estar no coração do cinema. Mas sendo “adolescentes”( ou sabe se lá que idade tem essas pessoas) tanto no aí quanto no Brasil são pessoas pouco maduras. Chutando por alto, aos meus 18 anos eu não apreciaria um filme antigo como eu aprecio agora, nem entenderia muita coisa como eu entendo hoje e que provavelmente eu entenderei diferente quando for mais velha. Por outro lado entendo que esse tipo de discussão é extremamente sem sentido, e te dá a sensação de que aquele espaço de tempo poderia ser melhor aproveitado se fosse direcionado de uma forma mais produtiva. Neste caso eu acho isso mais falta de direcionamento do professor que do aluno. Quando tinha minha aulas de Hotelaria me lembro também de perguntas que pra eu que já trabalhava tinha todo o sentido, mas que para aquelas pessoas que mal haviam saído do colégio não tinham a menor idéia. Enfim, paciência. Não é só na sua aula, é no mundo todo que as pessoas não conseguem separar os assuntos.

    Estudar a história do cinema deve ser fascinante.

    Ver filmes do ponto de vista técnico eu gosto muito, provavelmente por causa da pintura e das aulas de fotografia, reparar no uso de espaço. Tenho várias passagens na memória que são contadas apenas pelas câmeras que me encantam.

    Uma é a câmera ectoplasmática do Tarantino que te faz atravessar literalmente as paredes. Em Inglourious Basterds quando a família judaica está embaixo do assoalho enquanto o Landa está conversando como fazendeiro, a câmera mostra apenas os olhos dos judeus e a câmera vai descendo passando pelas frestas dá um giro e volta enquanto eles continuam conversando… ou passando por cima das paredes do restaurante Japonês em Kill Bill…

    Outra vez eu vi o making off do filme “Brilho eterno” onde o diretor ao invés de usar cortes de cena ou efeitos digitais ele usava a montagem do cenário como portas secretas, e distorção da perspectiva da mesa para criar a sensação de alucinação do filme.

    No último filme do Joe Wright, O solista, ele faz duas tomadas de cena vistas de cima: Uma mostrando as pessoas em cubículos amontoados colchonetes, e outra mostrando as várias mansões vistas de cima com seus quadrados azuis das piscinas que equivalem aos cubículos dos moradores de rua. E tem uma cena que ele mostra um emaranhado de rodovias vista de cima. Detalhes sutis que passam despercebidos aos olhos dos menos atentos.Outra coisa que ele faz é colocar o som do violancelo no meio do barulho da rodovia. Adoro esse filme.

    E tem uma cena de Sinais que o Shyamalan deixa os personagens no fundo da imagem conversando e em primeiro plano é uma cadeira desfocada, e você fica olhando aquilo com uma sensação de que você está espionando o lugar.

    Enfim, analise realmente faz mais sentido.

    Posso dar uma sugestão? Já que o #SOSCollege é uma maneira de estudar cinema, porque a cada artigo, você não coloca algo no qual as pessoas deveriam comentar sobre? Por exemplo: “Hoje história do cinema: qual é o filme você acha que mudou a história do cinema e porque”. Ou algo do gênero. Não sei se funcionaria,mas fica a idéia.

  8. Muito interessante sua epopéia em LA, agora como estudante também. Parabéns pela humildade – rara na profissão – em dizer “não faço crítica, mas análises”. 99% dos ditos críticos fazem isso, analisam o filme, e isso não é um demérito. Eu, na minha insignificancia de cursos de critica e cinema, também as faço. Muito legal, alguém assumir isso, que para ter a visão do todo é preciso estudar a técnica.

    Suas críticas – na falta de palavra melhor, digamos assim – já são inteligentes e profundas e com esse acréscimo técnico (que também, quando puder também farei) só auxiliam o texto.

    Fiz faculdade de Rádio e Tv, e apesar do contato direto com a “técnica” seria muito interessante vê-la com os olhos cinematográficos, pois não se compara fazer curtas com set de luz simples e com mini-dv ao equipamento dito profissional de cinema. Essa é uma experiência que ainda quero ter.

    Sobre a cultura dos estudantes e da cultura do eu, passa muito pela questão da forma como as pessoas encaram o meio. A maioria acha que cinema é produto de consumo, como pipoca e refrigerante, e mesmo nas faculdades da área (e ai, posso dar o exemplo pessoal) as pessoas não tem a menor noção do que seus cursos abordam diretamente.

    Imagino que ai, a cultura blockbuster seja ainda mais enraizada nas mentes dos mais novos e a febre da “blogalização” (e eu também tenho o meu, então faço parte) permite isso. Agora todos formam opinião, seja ela uma consistente ou uma coleção de bobagens (que espero não cometer na profissão). Todos temos “fãs”, “seguidores” e essa auto-suficiencia é perigosa.

    Muitos colegas não conseguem perceber isso, e acho que cada vez mais é difícil escrever bem sobre qualquer coisa. A concorrência é desleal, e não baseada na competencia do indivíduo que escreve, mas em sua popularidade.

    Fábio, admiro seu trabalho por esses e outros motivos, em especial por sua coragem em ter ido para os Estados Unidos sozinho, por sempre dar a cara a tapa, expondo seu ponto de vista e por estar aberto as discussões.

  9. Confesso que também pra gente que está lendo é um baque ver o comportamento de alguns desses alunos de Cinema. E essa atitude relaxada de querer tudo fácil não é exclusividade de estudantes dos EUA ou do Brasil, creio que seja universal… A tendência do ser humano é querer tudo fácil, infelizmente.

    Certamente é um enriquecimento essa experiência. Agradeço por compartilhar isso com a gente!

    E quanto às loucuras da faculdade… Quem sabe vc monta um grupo de estudos à la Community… xD

  10. Sem querer parecer arrogante, mas esse texto me fez lembra o meu no curso de jornalismo na São Judas, onde no primeiro mês eu já me perguntava o que eu estava fazendo lá. (Já se vai 18 anos, meu deus!)

  11. Todo mundo faz comentários enormes aqui. Ih eu sou econômica ok? Estou adorando este seu “Diário”.
    Você é fera! O que? Uma guria de 14 anos com a mãe neste curso? Entrevista as duas! Achei demais!
    Bons estudos Fábio!

  12. […] empolgadão com a prova. Fazia tempo, rs! Bem, acabou não sendo tão difícil, pois, como falei no SOSCollege #4, o pessoal pediu tanto que a professora fez o tal do study guide, e foi só alinhar uma boa […]

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