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Gana é um dos muitos países africanos que recebem o lixo digital do mundo ocidental. E o resultado não é nada bonito, nem aceitável.

Sempre me perguntei onde os computadores e celulares iam para morrer. O Colorado Springs Gazette encontrou a resposta. Agbogbloshie é o maior lixão eletrônico da África, em Gana. O lugar é gigante… e assustador! Será que nossa diversão e comodidade valem tanto a pena?

Tudo começou no início dos anos 90, quando países ocidentais começaram a exportar tecnologia usada para as nações africanas como forma de incentivar a evolução tecnológica e reduzir os preços de computadores e telefones. Assim como na Matrix, por um tempo, tudo foi lindo e funcionou. Então, a exploração começou e as “exportações” não pararam de chegar, dessa vez, na forma de produtos descartados, quebrados e inutilizáveis. O resultado são lugares como Agbogbloshie, que abriga mais de 40 mil migrantes e desesperados pela “oportunidade de trabalho”. Num bom dia, cada trabalhador ganha R$ 8,00… São R$ 240 por mês! Isso sem contar o prejuízo físico, pois, ao queimar todo esse material, as toxinas liberadas na região são extremamente nocivas às formas de vida, além de contaminar terra, ar e água. O lugar é praticamente uma armadilha que continua a atrair gente desesperada para tentar sobreviver às custas da nossa diversão e consumismo.

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Há uma convenção internacional, a Base Convention, que previne esse tipo de boçalidade. Adivinha quem não assinou? Estados Unidos, ao lado de países desenvolvidos e bem-sucedidos como Haiti e Afeganistão! É mole?
De acordo com a reportagem da Gazette, até mesmo os donos da ideia, Reino Unido e Japão, encontram falhas legais e burlam o tratado.

O mundo pode ser um lugar bem grande e esconder a sujeira debaixo do tapete alheio pode ser uma solução mais barata e imediata para as grandes empresas que “cuidam” do lixo eletrônico, entretanto a criação de i-nfernos como esse vai aumentar a quantidade de áreas inabitáveis ao redor do planeta. Isso sem contar o custo humano, pois a exploração de miseráveis é certeira. Sem dar uma de ecochato, nem nada, mas esse tipo de coisa é lastimável e só um CEO muito sem noção e problemático acataria algo desse tipo. Como é o dinheiro, e os lucros, que gerem o mundo, eles fazem sem pensar… nas ramificações e no futuro.

Enquanto isso, em Gana, muitas vidas jovens serão encurtadas em troca de um pagamento miserável, num lugar inóspito, onde nossos telefones, computadores, televisores e cacarecos vão para morrer… e matar.

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[box type=”shadow”]Fábio M. Barreto é jornalista, cineasta e autor da ficção brasileira “Filhos do Fim do Mundo“, publicada em 2013 pela editora Fantasy/Casa da Palavra, integrante do Grupo LeYa. Mora em Los Angeles e está escrevendo seu segundo romance, Snowglobe.[/box]

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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