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Príncipe Caspian estreou hoje no Brasil. Assisti ao filme na semana passada, no dia da estréia aqui (leiam a matéria do Guia da Semana a respeito), e, diferente do que se pode imaginar, tive que pagar o ingresso. Caro, aliás: US$ 25. É, a Disney não gosta de mim e não me chama para os filmes deles. Só vi a Hannah Montana por que era para a revistona lá, quando não é para eles, acho que nem posso passar perto da central lá em Burbank. Enfim, como trabalho é trabalho e eu levo a sério e não fico com palhaçada, fui lá conferir o segundo filme.

Eu gostei do primeiro. Foi uma boa adaptação, tinha tudo que o primeiro livro precisava contar, não forçaram a barra com o cristianismo, então achei legal. Me diverti, curti o Aslan e gostei da ambientação daquele mundo, que poderia ter parecido muito mais infantil. Detalhe, eu tinha assistido a toda a série que a BBC produziu e a Focus Filmes lançou no Brasil. Aliás, confiram, é bem interessante, box bem feito – embora gordo e ocupa um belo espaço na prateleira – e conta a história inteira. Ah, abusem do botão avançar no Dawn Trader, as cenas no mar são sacais!

Bem, voltando a Príncipe Caspian. Como a molecada cresceu, nada melhor do que colocar um pouco mais de momentos sombrios na história toda, não? O clima é totalmente diferente. Nárnia não é mais um lugar lindo, cheio de encantos, animais simpatiquinhos que falam serelepes e blabla. Nárnia se tornou um lugar ordinário, sem nada de encantador. Muito por conta dos Telmarinos, uma raça que chegou ao antigo reino dos Reis de Nárnia, derrotaram os narniamos e mostraram que “com ferro fere não perde a briga!”.

É justamente desses telmarinos que Caspian é o príncipe e, como eles mandam em Nárnia, ele é o novo regente por direito. Porém, a bendita corneta (1) é soada e lá vão os irmãos Pevensie de volta ao maravilhoso e lindo reino … que está todo destruído e, de quebra, passaram-se alguns séculos. Esse detalhe é fundamental para demonstrar a Peter, Edmund, Lucy e Susan que tudo ali mudou e que precisam fazer jus ao título de “Reis de Outrora”.

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Peter (William Moseley) não me convenceu no primeiro filme e ganhou meu ódio eterno com o segundo. Ele é ruim. Ponto. Edmund já mostra mais talento e agora tem o galãzinho Ben Barnes como Caspian. Pelo menos pose de herói ele sabe fazer. E agora a batata quente está nas mãos dele, já que os próximos dois filmes são essencialmente protagonizados por Caspian.

A boa novidade do elenco é mesmo o Ripichipe. Eita ratinho arretado, sô! Na versão da BBC, foi o anão mais famoso do cinema Warwick Davies (Wicket, Willow… humm, mais algum personagem com W?) quem viveu esse espadachim rato com alto senso de humor e imbatível na hora da porrada. Queria ver o Hulk tentando pegar ele! Hahaha! Imagine que, no meio de uma batalha, você é derrubado e quando vai ser rapidamente abatido percebe que, na sua frente, tem um RATO! Esse tipo de situação vale várias piadas, muito boas, aliás!

O filme propõe uma luta pelo retorno da inocência e da magia, que foi perdida com a invasão dos Telmarinos. Entretanto, o roteiro é sincero o bastante para avisar que não se trata de uma reprise e de que, assim como a vida, nada acontece do mesmo modo duas vezes. No final das contas, a história acabe sendo focada nessa transição que os dois mundos vivem. Nárnia reencontra sua antiga essência, enquanto, em Londres, a molecada ainda vive aquele clima de medo provocado pela guerra, que já não assusta tanto, mas ainda é presente. Desta vez, porém, eles podem lutar contra o tirano da fantasia de modo mais próximo como foi a Segunda Guerra Mundial. A Feiticeira Branca era algo muito ideal, a vilã que vence pela enganação e pela sutileza e, quando em batalha, é, literalmente, fria como o gelo. Miraz, o vilão do segundo filme, é um homem de carne e osso. Traiçoeiro, covarde e, por que não, falível. Ele comanda um exército sem identidade, uma verdadeira máquina de guerra que não liga a mínima para a beleza e maravilha com a qual luta. Todos os soldados usam máscaras, todos são um e esse um é representado por Miraz – forte em conjunto, inseguro individualmente.

Curioso que, diferente das histórias básicas, não é o herói quem salva o dia ou resolve a peleja. Não fosse por um retorno triunfante de Aslan e árvores raivosas ajudando na batalha (2) o dia não teria terminado bem para os narnianos, que levaram uma bela sova. Vontade não falta, mas catapultas falam mais alto.

O grande lance quando se fala em adaptações é que o produto final precisa ter uma identidade, precisar “fazer sentido”, como os gringos gostam de usar. E Nárnia faz. A Bússola de Ouro, por exemplo, não fez e foi aquele fiasco. Um megavideoclipe cheio de cenas que não davam liga. Em Príncipe Caspian vemos tudo que precisa ser visto num filme e, aliado ao poder da Disney – a empresa muquirana e cheia das politicagens –, os bilhões na bilheteria são mera questão de tempo. Porém, a coisa não deu tão certo assim e o filme faturou “só” US$ 55 milhões. Custou US$ 200 milhões, ou seja, ainda tem chão para se pagar, mas isso não é problema, uma vez que o filme ainda pegou uma barra pesada com Indiana Jones abrindo dois dias depois. O primeiro filme abriu com US$ 65 milhões contra um orçamento de US$ 180 milhões, ou seja, teve melhor desempenho.

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Eita Ratinho Bom de Briga!

(1) Corneta para pedir ajuda… humm, Boromir com aquela buzina de Scania em A Sociedade do Anel! Sempre achei que Lewis e Tolkien compartilhavam as idéias. Mas essa é tão cara de pau! Agora, quem copiou de quem?

(2) Árvores despertas seguindo para a batalha… humm, Fangorn e os huórns fechando o cergo no Abismo de Helm. PELOAMORDEERUILUVATAR.. quem copiou de quem?!?! Hein?! Hein!? 😀

(3 que nao está no texto) isso sem contar o Espírito da Água que aparece, tem feição humana e quebra a banca! SantoULMO salvê-nos dessas difamações! :-p

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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11 Comments

  1. bem, com relação ao primeiro filme, que tem mais toques infantis na historia, achei o dois bom, pena que todos os atores mirins são péssimos, mas um ótimo filme, vale a pena assistir…

  2. não fala mal do meu sniffffff

    amanha vou ver, nem que tenha que dar o 88

  3. melhor que o primeiro
    o elenco nem tão mirim é bem limitado, mas meninas são melhores
    a Susan ta uma gata

  4. cadê a entrevista com Robert Downey Jr. ?

    que mole em Barreto? não sei como vc está no meio…

  5. Thiago, a entrevista foi retirada do site.

    Nao entendi seu comentário, teria te respondido por email, mas seu email é inválido. Poderia esclarecer?

    obrigado!

  6. assisti o filme hoje e axei bonzinho..
    dexo claro q nao assisti o 1.. fui nesse pq meu irmaozinho queria assistir ai fui junto..

    e realmente tem mta coisa igual/parecidissima ao LOTR.. tbm nao sei qm copiou d qm, ai teria q ver qm escreveu primeiro as obras, e isso nao to afim d fazer, mas q 1 deve ter dado uma olhadela no otro deve ter sim..

    alem das semelhanças q vc falou uma coisa q eu percebi foi a susan (a arqueira), q é mto “Legolas”.. nakela hora da batalha msm ela mó sai atirando flecha pra tudo qto é lado, emenda umas lutinhas com a espada..
    tá certo q o nivel legolas ta mto acima, mas q lembra lembra ;p

  7. Assisti ao primeiro filme e achei o máximo, tenho muuuita vontade de pegar o livro pra ler, mas ainda nao tive a oportunidade, infelizmente.
    Já queria ter ido assistir à esse, mas me faltou tempo e disposição. Mas to com a maior vontade de ir conferí-lo no cinema tambem, já estava, agora, com essa mega descrição, to mais ainda!
    Seeu blog é demaais! Curti muuito mesmoo. Os assuntos, a forma como escreve, o layout. Enfim, todo o conjuto, o máximoo!
    Abraçoo

    http://peidaesaipoeira.blogspot.com

  8. É um bom filme,é mais maduro que o primeiro,
    só não gostei deles colocarem cenas que não tem no livro, enfim a velha mania de lucra em cima de romances,no geral é legal e segue bem o livro.

  9. Sobre a corneta e outras figuras aparecerem tanto nas histórias de Lewis e Tolkien. Os dois no grupo INKLINGS estudavam lendas nórdicas e célticas. Assim, fizeram um uso de algo comum. Um arauto tocando uma corneta, para dar um aviso de um soberano era algo comum na idade média na Europa. Para dois intelectuais profundos como eles é mediocridade achar que um precisava colar do outro.

  10. […] chegando ao ponto. Fiz a crítica de As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian e postei aqui. Até gostei do filme. Não achei o primeiro aquele horror que a crítica definiu, […]

  11. Eu adorei esse filme so não gostei muito do final quando eles voltam para casa na minha opinião eles deveriam ter ficado lá em Nárnia para continuarem sendo os reis e rainhas e eu queria tb que a Susana ficasse com o principe Caspian para sempre.

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