Diretor apaixonado, heroína efetiva e um bando de fãs alucinados transformaram Resident Evil num produto rentável, e lá vem o quarto filme!

SAN DIEGO, CA – Em tempo de superexploração vampírica, o casal Anderson – Paul W.S. Anderson e Milla Jovovich – continua apostando nos zumbis e numa das franquias mais surpreendentes da última década. Resident Evil: Recomeço (Resident Evil: Afterlife) é fraquinho, mas chuta o balde em termos de tecnologia com 3D saindo pelo ladrão e uma Alice mais dramática. O SOS Hollywood entrevistou o diretor e comandante dessa brincadeira que deu certa. Leia as melhores partes!

Entrevista: Fábio M. Barreto, da San Diego Comic-Con
Tradução: Renata Primavera

Quarto filme, quem diria! Você não está se cansando um pouco disso? (risos)
Cansando? Não! A única razão pela qual eu faço Resident Evil é porque eu amo os jogos de video game; e a Milla (Jovovich), porque o irmão dela era apaixonado por eles. A franquia inteira é baseada nessa paixão. Eu ainda sinto essa paixão e a Mila também. E, se essa paixão um dia deixar de existir, daí, nós não faremos mais um filme de Resident Evil. Para nós, não se trata de negócios ou estratégias de carreira. Eu amo Resident Evil e, enquanto amar, vou continuar fazendo. Não há outra franquia baseada em vídeo game tão longeva quanto essa, e acredito que isso ocorre porque os filmes são feitos com paixão. Eles têm integridade, isso não se compra.

Como você compete com as grandes produções dos estúdios de ponta, já que Resident Evil não é bancada por nenhum deles. Você tem que ser mais criativo para poder agradar a seu público?
Sim, definitivamente. É uma arte, eu acho [sorri]. Na Europa, onde comecei fazendo filmes independentes, você aprende isso muito rápido. Lá, não há tanto dinheiro quanto em Hollywood. E, se você quiser fazer cinema de qualidade, mas com um orçamento menor, tem que aprender a fazer coisas com menos dinheiro. Minhas produções custam uma pequena fração do que os filmes de estúdio. Mas o último Resident Evil fez tanto quanto Watchmen – O Filme no mercado internacional, por exemplo.

No decorrer da franquia, Milla amadureceu muito. Como você vê isso – no campo pessoal e profissional?
Foi fantástico. No primeiro filme, ela era uma garota que mal sabia seu próprio nome. Agora ela é uma mulher independente, nos filmes e na vida. Nós temos uma filha, o que dá outra dimensão para nossa vida. Nós dizemos, brincando, que Resident Evil é um negócio familiar. E é. Nós sempre trabalhamos com os mesmos produtores e a mesma equipe. É um prazer nos reunirmos após alguns anos para trabalharmos juntos novamente.

Seu estilo como diretor de Resident Evil é diferente dos outros diretores de franquia. Por que será?
Tenho sorte de estar envolvido na criação do roteiro. Preciso de seis meses para escrever um e é como se eu tivesse seis meses a mais de pré-produção. Essa é uma vantagem que tenho: mais tempo para visualizar as cenas. Por isso meus filmes têm um visual diferenciado.

Que mudanças você teve que fazer no seu estilo de direção para se adaptar ao 3D?
Mudou meu estilo completamente. Meu último filme [Corrida Mortal] é completamente diferente em termos visuais por conta do 3D. Se você está planejando uma tomada em 3D, tem que pensar com muito mais profundidade e precisa de um set que reflita isso. Por exemplo, túneis estreitos e claustrofóbicos. Poço de elevador. Por isso que Milla tem um avião nesse filme, sabia que a fotografia aérea fica ótima em 3D. Outra coisa que ficam ótima no 3D são pequenas partículas, como gotas de chuva e fumaça. Então, chove bastante no filme. Eu deliberadamente escrevi o roteiro para o 3D. Para mim, o formato começa no roteiro.

De onde vem essa fascinação sobre 3D?
Sempre fui muito interessado em 3D, sempre achei uma ótima idéia, mas tecnicamente inviável. Agora, com a Pacer-camera, a tecnologia está no ponto certo, se você utilizá-la corretamente. Vi muitos filmes, os ruins também, para saber o que fazer e o que evitar, além de conversar com especialistas. Para o tipo de filme que eu faço, de ação e terror, o 3D se encaixa muito bem. A cada quarenta ou cinqüenta anos, há uma mudança significativa no cinema. Por exemplo, com a invenção dos filmes sonoros. Depois vieram os filmes coloridos. Agora, o 3D. Para mim, como cineasta, é um momento muito excitante na História.

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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4 Comments

  1. Parece realmente divertido esse filme! E como já falei antes…Essa é uma Alice que acho que vale a pena ver no cinema em 3D.

  2. […] claro. Com dinheiro vindo do mundo da moda, de seus filmes e, claro, da carreira do maridão – Paul W.S. Anderson – ela pode se dar ao luxo de curtir a vida, mas nunca deixa de trabalhar. E faz isso dando muita […]

  3. […] que tem menos zumbis e mais malabarismos feitos para aproveitar ao máximo o novo brinquedinho de Paul W.S. Anderson: câmeras 3D de última geração. Ele resolveu criar a maior incidência de cenas em câmera lenta […]

  4. […] que tem menos zumbis e mais malabarismos feitos para aproveitar ao máximo o novo brinquedinho de Paul W.S. Anderson: câmeras 3D de última geração. Ele resolveu criar a maior incidência de cenas em câmera lenta […]

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