Comédia com Jack Black e Mos Def relembra os tempos do VHS e, meio que sem querer, critica a massificação do cinema.

A demora da estréia de Rebobine, Por Favor (Be Kind, Rewind) no Brasil tem um bom motivo. Por mais que a idéia por trás de um trio de desesperados que começa a refilmar filmes famosos “nas coxas” para atender aos clientes de uma pequena locadora de VHS seja legal, o público habitual de Jack Black não deve nem saber o que fazer com uma fita de vídeo. Justamente por isso, o mercado ficou um tempo sem saber o que fazer com essa comédia saudosista e, em certo ponto, profunda que já nasceu meio cult.

Embora o elenco seja cheio de nomes famosos, quase tudo em Rebobine, Por Favor soa amador e casual. Denny Glover interpreta o dono de uma locadora de VHS – dona de fitas clássicas como Os Caça-Fantasmas, Conduzindo Miss Daisy e Robocop – cujos dias estão contados em prol da “modernização” da cidade. Enquanto ele tenta salvar seu negócio, Mos Def e Jack Black arruínam tudo ao magnetizarem todas as fitas. Os imãs sempre foram o inimigo dos vídeos-cassete!

Mas para impedir que os clientes, e o dono da loja, fiquem sabendo da tragédia, a dupla resolve filmar suas próprias versões para o acervo da locadora. E tudo em menos de 24 horas! É um show de criatividade cinematográfica dirigida por Michael Gondry, diretor do ótimo Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. De Os Caça-Fantasmas a Hora do Rush, os alucinados vão compondo um acerto para lá de exclusivo e, para total surpresa, caem nas graças da população local. Afinal de contas, deve ser engraçado ver os babacas da lojinha da esquina bancarem os astros sem noção!

Como tudo é por uma boa causa – eles precisam salvar a loja! –, a história ganha traços positivistas e o espectador se apega aos dramas pessoas dos envolvidos no núcleo mambembe de cinema. Boas piadas vão dando forma ao longa, mas os estúdios de Hollywood decidem processar o grupo por plágio. A dívida é impagável e os dias estão contados, porém, é toda a força que a comunidade mostrou ao apoiar uma pequena lojinha – daquelas em que o dono conhece cada item de seu catálogo, sabe fazer uma indicação sem precisar olhar no computador e ama o seu trabalho – o elemento que vai fazer a diferença.

Eles resolvem filmar algo original, algo parte da história de cada um deles e, mesmo sem esperança de salvar a loja, realizam tudo na base do “fazer por amor e idealismo”. O resultado é curiosíssimo, emocionante e cativante. Mas sem nunca deixar de parecer amador, intimista e discreto, qualidades que, cada vez mais, se perdem em meio à alta necessidade de faturamento milionário na indústria do cinema. Rebobine, Por Favor faz pouco sentido para o público adolescente que viveu pouco o dia-a-dia do VHS, mas serve como boa lição para quem quer entender como era a vida antes dos downloads, NetFlix e da Blockbuster!

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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5 Comments

  1. Acho que eu era unico idiota entre os meus amigos que ainda usava VHS, simplesmente adoro aquelas fitonas, ainda hoje tenho uma pá de filme em VHS, mas acabei me redendo ao DVD por ser mais facil de “amontoar” e dura beeeem mais tempo.

    Enfim, o filme parece interessante!

  2. Eu sou adolescente e tenho muita vontade de ver esse filme, pois tive DVD muito depois de ter estourado essa mídia, vivi muito a época do VHS, saudades mesmo XD

  3. hehe to com o renan.. tenho 18 anos mas tbm comecei no dvd meio tarde, e lembro mto bem da minha infancia assistindo filmes em VHS, principalmente Rei Leão q eu axo q assisti umas 100 vezes ;p

    fora q tem um armário aki em casa cheiao d fitas VHS.. com gravações d tudo qto é filme q passo na tv, jogos clássicos, tem d tudo..

    anyway, assisti o filme a um tempinho já e curti demais.. a idéia do filme é mto boa, e os karas regravando os filmes são hilários
    akela cena da camuflagem no começo do filme é sem noção, fikei rindo por minutos ;p

  4. Eu tenho 15 anos,tive DVD logo quando surgiu aqui no Brasil,mas assim mesmo vi muuuuuuuuuito VHS,ja que la em casa a gente via filme sempre. Meu primo sempre alugava o do Super Patos(!) e O Resgate do Soldado Ryan,enquanto eu vi ifinitas vezes Forrest Gump e o das Spice Girls(eu era criança pô!),que meu pai ganhou numa promoção da Veja,mas mesmo assim todo final de semana a gente ia na locadora pegar algum filme. Então ver esse filme lembrou muito a minha infancia,foi bem nostalgico mesmo,me lembrou ate das vezes que eu brincava com meus primos e amigos que a gente tinha voltado no tempo e ido para na epoca dos dinossauros depois de ver Jurassic Park…
    Recomento esse filme pra todo mundo,é demais.

  5. O filme é muito bom, risadas garantidas.
    Eu queria ver as fitas “suecadas” da locadora 😀

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