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Duas coisas pontuariam a sexta-feira na Comic-Con: Watchmen e Star Wars. Ok, The Spirit roubaria um pouco da atenção por ser Frank Miller, mas os dois primeiros eram os mais fortes. Confesso que foi complicado acordar no horário, especialmente depois de ter trabalhado até as 4h no dia anterior, fazendo o resumão e lutando para não escrever bobagem por conta do sono.

O que chamou a atenção logo de cara foi o fato de não haver sol. Depois de dias insanamente quentes e ensolarados, o tempo mudou e ficou tudo nublado. Ainda quente, porém, mas com um ventinho que foi providencial para evitar muito cansaço. E, acreditem, isso faz diferença quando você precisa andar uns 8 quarteirões carregando uma mochila pesadona.

Descobri da pior maneira possível que a lotação da Comic-Con aumenta progressivamente conforme o fim de semana se aproxima. Ok, óbvio, mas a ficha só cai quando as filas aparecem para mostrar que a “vida não é fácil”. Mas lá estava eu, pronto para a guerra.

Destino: Hall H, o lugar maldito! É até legal, mas não têm tomadas e esse foi meu maior inimigo para os livebloggins. A fila foi complicada, mas em 40 minutos consegui entrar.

Objetivo: Watchmen! Teoricamente, o maior filme da convenção e o mais disputado. Zack Snyder e todo o elenco participaram do painel. A galera delirou muito, mas nada anteciparia o vídeo exclusivo da Comic-Con. Embora tenha sido uma versão estendida do trailer que está nos cinemas norte-americanos com TDK, foi de arrepiar.

Uma breve descrição dos momentos mais marcantes você encontra lá no Judão. =]

Quando o painel acabou, iquei ali um pouco, olhando para a tela e pensando nas razões que levaram Alan Moore a não querer nenhum envolvimento com o filme. Enquanto pensava, a massa já tinha outro objetivo: sair daí e correr para pegar o brinde temático, uma camiseta, a prova do “eu vi”.

Os devaneios duraram pouco. Era hora de correr. Enquanto alguns membros do elenco ainda tiravam fotos, era hora de sair do Hall H e subir para a sala de entrevistas. O novo encontro com Zack Snyder, com quem já havia conversado em Copacabana, durante o lançamento de 300, aconteceria dentro de estantes. Entretanto, uma surpresa quando as mesas de entrevistas se formaram.

Primeiro foi uma bagunça, pois cerca de 40 jornalistas se aglomeravam em 6 ou 7 mesas. Grande presença brasileira, aliás, já que seis veículos tinham representantes. A surpresa veio logo de cara: sem nenhum aviso, Dave Gibbons entra na sala para conceder entrevistas também. E foi brilhante falar com um sujeito tão esclarecido, pontual e interessante em seus comentários.

Triste, porém, foi o fato de os demais colegas não saberem o que perguntar e, à exceção do jornalista da inglesa SFX, os demais limitavam-se a perguntar sobre o “desempenho” da Comic-Con e a importância da feira para os quadrinhos. Bom, Dave Gibbons ali na nossa frente e perguntar isso? Desperdício. Mas podia ser pior. Eles, pelo menos, perguntavam. Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre um profissional brasileiro de um grande portal que se limitou apenas a se sentar e observar. Isso em TODAS as entrevistas. Vir até San Diego para apertar o “REC”? Belo investimento!

Todo o elenco passou pela mesa (as entrevistas vocês acompanham em breve nos veículos para os quais eu trabalho), mas elejo um destaque: a dupla Jackie Earle Harley e Jeffrey Dean Morgan, respectivamente, Rorschach e Comediante. Especialmente pelo fato de serem os únicos personagens que não tentam sustentar aparências e “entendem” como a vida funciona, eles são os mais assustadores, de certo modo. E o modo como Jackie e Jeffrey se comportaram foi fantástico. Entraram nos conceitos dos personagens, dois fãs de quadrinhos que sempre idolatraram o trabalho de Alan Moore. Nas palavras de Morgan: “Watchmen abriu meus olhos para muita coisa”. Foi muito bom, inteligente e agregou aos pensamentos sobre a adaptação e à obra em si. Melhor que eles só Zack Snyder (já que Dave Gibbons fica, por conceito, fora de qualquer comparação no quesito Watchmen).

Falando em Snyder, confesso que estranhei sua postura. Pouco havia do “fã” que gritava, gesticulava e conquistava todo mundo nas entrevistas de 300. Claramente cansado, ele apareceu bastante pensativo e muito sério. E assim parece ter sido nas demais mesas. Por conta disso, quando ele diz que o processo foi trabalhoso e consumiu tempo demais, podemos entender seus efeitos. Em tempo, não é válido apostar numa mudança de postura ou “endeusamento” do diretor por conta de seu sucesso, uma vez que TODO o elenco fez questão de elogiar seu conhecimento da obra original e seu comprometimento com a qualidade da adaptação. Algo me diz que alguém vai tirar boas férias depois que terminar esse filme.

Isso tudo aconteceu lá pelas 14h. E, para variar, eu não tinha comido nada. E ainda continuaria por um bom tempo, já que logo que as entrevistas acabaram tive que sair correndo feito um doido para o maledento Hall H. Dois painéis me aguardavam: The Spirit – preparação para a entrevista com Frank Miller (OH YEAH!) – e, claro, Star Wars: The Clone Wars. E, como era o painel de SW, a fila estava quilométrica. Foi a fila mais temática e animada de todas, pois a quantidade de fantasiados e doidos pela Saga era imensa!

O painel de The Spirit não foi chato como muitos sites disseram. Aliás, já tem muito jornalista torcendo o nariz para o filme, então já viu. Impressionante como os correspondentes não gostam de nada. Tudo bem que eles são mais velhos, todos “críticos” renomados em seus países, mas eita povo que não gosta de absolutamente NADA!

A resposta do público foi contida. Sem muitos gritos e nada de fãs berrando: “eu te amo, Frank”. E aí está outro ponto que prejudicou o painel, a ausência dos fãs, que não tiveram a oportunidade de fazer perguntas. E, acredite, o público é capaz de fazer a diferença em qualquer painel. O sucesso de Terminator Salvation deve ser atribuído 300% à participação dos fãs, mas falo sobre isso depois.

O problema com o painel foi o excesso de detalhes. Frank Miller diz que não se surpreendeu com a reação do público. “Eles reagiram como sempre reagem ao que eu faço”. Cada vídeo foi devidamente esmiuçado e explicado por Miller. E quando os vídeos apareciam, sem a contextualização do roteiro e trilha sonora discreta, ou inexistente, parecia muito mais um “estudo” do que o produto final. E reforçou a teoria que algumas pessoas levantaram por ser um novo Sin City. Bem, fui direto e perguntei isso a ele. Confira:

    … podemos esperar outra transposição quadro a quadro do quadrinho para o cinema, algo tecnicamente impecável como Sin City e, dadas as proporções, 300 ou a linguagem é 100% cinema? O filme tem cara de quadrinho?

    Não. Totalmente o contrário. O público vai se deparar com um filme, uma obra com identidade própria, uma grande história e, arrisco, pelo menos uma cena antológica que vai fazer vocês chorarem de emoção!

Bom, alguma dúvida? Vou esperar o filme para julgar. Até que me prove o contrário, acredito que ele possa cumprir a promessa. E o fato de eu adorar o trabalho do Miller não tem nada a ver com isso. Pouquíssimas pessoas no mundo têm condições de adaptar Will Eisner para o cinema e acredito que ele seja uma delas. Se não funcionar, são outros quinhentos.

Só que quem achou o painel de The Spirit chato provavelmente não ficou para Star Wars. Como mencionei anteriormente, os fantasiados dominavam. Quase todo mundo – incluindo eu – estava com camiseta de Star Wars, afinal, era o SW Day na Comic-Con! E o painel começou. Mas o que os fãs encontraram foi o arroz de festa Sansweet que trabalha na Comic-Con todos os anos e uma equipe desconhecida.

Para ajudar, o público também não pode fazer perguntas. Mas, claro, houve pontos fortes. Os vídeos, sem dúvida. Revimos o trailer e novas cenas foram mostradas — leia a descrição delas aqui. =]

Imediatamente após o painel, foram realizadas as entrevistas com a equipe de produção de Clone Wars. Falei com o diretor David Faloni e ele garantiu que o universo expandido vai ter bastante espaço na série e que personagens como o Comandante Rex, por exemplo, serão aproveitados sempre que possível. Sondei se os Republic Commandos vão aparecer ou se mesmo os Arc Troopers, de Guerras Clônicas, podem fazer uma pontinha e ele disse que um grupo especial de Arc Troopers será utilizado ao longo do primeiro arco de histórias. Então, resta aguardar.

Essas entrevistas vão render várias matérias especiais e bem aprofundadas, especialmente para os fãs de Star Wars, afinal de contas, eu não dei o pontapé inicial na JediCon e fundei o Conselho Jedi São Paulo à toa, não é mesmo? O fanatismo mora aqui dentro, não tem jeito.

As entrevistas acabaram. Bati um papinho rápido com Steve Sansweet – depois de anos imaginando um encontro com esse cara – e fiquei meio frustrado. Cheio de respostas prontas e evasivo, não agregou muito. Acho que o fato de eu estar vestindo uma camiseta de SW pode tê-lo deixado na defensiva, pois ele esperava um fã, se deparou com um jornalista e não soube o que fazer com nenhum dos dois. Mas ele é gente boa, isso não se pode negar! E tem uma coleçãozinha pequena, sabe. Hehehe.

Olhei para o relógio: 18h. E nada de comida. Mas tinha um painel sobre escritores de ficção científica e roteiristas de quadrinhos temáticos e fui conferir. Não ousei pegar a fila pro Hall H, DE NOVO, para ver Kevin Smith. Mais cedo ou mais tarde eu trombo com ele numa entrevista, então deixei para lá. Aliás, a pilha tinha acabado. Muito cansado e com um montão de fome, resolvi voltar para o Hostel para escrever algumas coisas, combinar o dia seguinte com o Borbs e tentar falar com a família, mas nesses dias tenho tido tão pouco tempo que nem sei como minhas mulheres estão. Espero que tudo bem. =D

O dia foi tenso e sem espaço para respirar, mas extremamente produtivo. Como a internet caiu, nada de atualizar site. Hora de planejar um pouco e, sem dúvida, dormir. Ainda tem mais… Terminator e Frank Miller, meu artista favorito. Aos poucos, meus sonhos vão se realizando. Fiz questão de cumprimentá-lo e, novamente, fazer uma boa entrevista. Posso ser nerd, mas faço disso minha força. Afinal, o que importa é o que eu entrego a vocês, não a imagem que isso cria. Viver de imagem é para os fracos! YAY!

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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4 Comments

  1. Sensacional, Fabiovisky! Aguardo mais, muito mais! Parabéns!
    Abrações

  2. estou acompanhando a comic con, pelo judão e também pela concorrencia, e pude perceber a diferença de visão e de como os jornalistas estão tratando, sem dúvida nenhuma a cobertura do judão/sos holliwood tem sido a melhor, parabéns pelo trabalho, e continue sempre a ser um jornalista fanático, e não um jornalista puro
    parabéns novamente pela cobertura, e boa sorte

  3. Cara, são mais de 11:00 aqui e praticamente não trabalhei direito aida, me colocando a par de tudo o que vc escreveu por aqui….
    Espero que ninguém do escritório leia isso aqui….

  4. Que inveja(boa)de tudo isso!
    Sei que estou atrasada nos coments mas não na leitura, adorei sua cobertura do evento e adoraria poder um dia, participar junto com você ^_^
    Parabéns pelo belíssimo trabalho, continue assim que os frutos colhidos serão mais doces do que quaisquer outros.
    Beijos
    Sil

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