Estou formado em Cinema! Logo, 2013 tem uma função primordial na minha vida: entrar no mercado de cinema!

Há quase dois anos, tomei uma decisão importante. Decidi voltar à faculdade e aprender mais sobre cinema, ou melhor, sobre como se faz cinema. Sempre gostei de entender sobre o assunto, de conhecer a história e escrever a respeito, porém, senti a necessidade de viver nesse mundo para melhorar minhas entrevistas e aprimorar meu trabalho. Bem, esse era o plano. “Era”, pois muita coisa aconteceu e, hoje, bato no peito ao dizer que sou “filmmaker”, ou seja, eu faço filmes!

Tudo começou com esse texto e seguiu por uma série de outras matérias sobre aquele dia-a-dia, inclusive com seus últimos capítulos sendo escritos no Brainstorm9. Achei que seria fácil escrever bastante sobre as aulas, porém, a realidade, de que por se tratar de um conteúdo que só faria sentido ao fim de cada semestre, logo chegou e a primeira grande mudança de planos aconteceu. Falei menos do que gostaria e a opção era mergulhar na prática.

Resumindo bem a história, vi muitos filmes clássicos, debati muito sobre filmes modernos, usei muito da experiência com as entrevistas de cinema para apoiar meus argumentos e percebi que, de fato, a informação é útil no nosso meio. Mais que apontar para uma cena e tentar replicá-la, quando se entende quem é o realizador, você pode compreender sua escolha e usar o mesmo conceito a seu favor. Nesse aspecto, o objetivo primário foi atingido com glórias. Mas quem disse que ficou nisso?

Na primeira aula de produção, precisei botar a mão na massa e fazer um filme. Simples assim. Foi meio maluco, pois ainda era cedo no curso e faltava muito conteúdo antes de, de fato, criar algo relevante. Mas era o currículo e não tinha jeito. Num momento como esse, você tem duas opções: faz algo por pura obrigação e focar na nota OU pirar na batatinha, investir e fazer cinema!

Acredite, não é uma decisão fácil. Especialmente quando a sua mente é incapaz de pensar em filmes pequenos, dramas existenciais baseados no dialogo de duas pessoas dentro de um quarto ou carro. Ser fã de Ficção Científica e Fantasia é um problema sério nessas horas. Só aparece ideia maluca e, por definição, cara!

Claro, escolhi a segunda opção e minha vida mudou. Quando “Distress” estreou, muitos conceitos foram revistos, gostei demais de fazer e tinha uma certeza: poderia fazer melhor, mesmo adorando o filme. Aprendi que escrevo para a música, aprendi ser incapaz de fazer algo do qual não sinta orgulho, aprendi que a trajetória não vai ser fácil, especialmente com cada porrada levada nos comentários. Opinião pública é complicada, mas faz parte do jogo. Não quer dizer que não doa. De qualquer forma, pensando que usei uma câmera bem simples, estava totalmente despreparado tecnicamente e fiz tudo praticamente sozinho, “Distress” foi um marco. Sou louco para fazer um remake, aliás!

Sabe a história do guardanapo da Pixar? Isso é meio sintomático. Muitos artistas demonstram logo no início tudo que desejam fazer, as histórias que querem contar. É só olhar para Tim Burton, assista “Vincent” e você vai notar todas as influências dele ali. No meu caso, “Distress” dá algumas dicas. Foi minha primeira “contravenção” ao código do cineasta iniciante e pobre: fiz um filme de época, com efeitos especiais, numa locação cara, com fantasias caras e pretensões lá nas alturas. Tinha até fogo, uma torre e uma vila medieval no roteiro original!

Foi bom, pois fiz “muito com pouco”. Sinto muito orgulho desse filme.

Aí veio o outro extremo. Descontente com a falta de estrutura de “Distress”, chutei o balde na hora de fazer “When It Ends”. Foi a ideia certa na hora errada. E aí vem minha maior critica ao currículo da LACC, pois a falta de delimitação por parte dos professores permite vaciladas e não propõe ferramentas para te auxiliar ou perceber isso. Ou seja, eles deixam você fazer o que bem entender cedo demais.

Filmei “When It Ends” em outro estado; fui até o Novo México para economizar. Conheci atores fantásticos que estão comigo até hoje, aprendi muito, mas sofri demais. Equipe inexperiente, falta de noção de como se organizar o trabalho de forma adequada e, acima de tudo, não ter feito o curso de roteiro foram alguns dos elementos que definiram o rumo do filme. Claro que as porradas vieram, muito mais que em “Distress”, mas dessa vez fazia sentido. Fui ambicioso e não estava pronto. Gosto do filme, mas ele deveria ser muito melhor. Bem, hoje eu sei disso, na época, fiz o melhor possível.

Pelo lado bom, “When It Ends” abriu meus olhos para o nível de preparação e controle necessário e isso motivou meus estudos. Ele também foi fundamental para outras coisas, afinal, com a resposta de público (mais de 20 mil pessoas assistiram na Internet!), consegui força para vender o livro “Filhos do Fim do Mundo”! 😀

Isso também provocou um hiato gigantesco. Passei muito tempo sem filmar e fiquei concentrado nas aulas de direção, roteiro, fotografia, negócios, marketing, teatro, som e edição. Sinceramente, não queria entrar num set antes de saber o que estava fazendo, no maior número de setores possível. Um capitão deve conhecer cada parafuso do navio. Fiz isso. Quando senti mais firmeza, comecei a trabalhar em sets de outros filmes. Fui assistente de câmera, eletricista, assistente de direção, gravei som, fiz de tudo um pouco. E valeu a pena. Aquela sensação de estar agregando ao filme é fantástica. Assim como aprender com novos erros. Numa aula de direção, por exemplo, dirigi uma cena e os atores entraram em curto ao pegar o roteiro e atuar lendo do roteiro. Foi meio traumático ver a cena acontecendo, completamente diferente do ensaio, tudo desabando, um show de horrores. Sobrevivi, mas com cicatrizes gigantescas. Erros ensinam mais que acertos, ok, mas nunca é legal!

Fast forward para o meio de 2012. “The Flower Shop” entrou em desenvolvimento, comecei a pedir dinheiro feito doido, agendamos filmagens, cancelamos filmagens, perdemos um monte de dinheiro por conta de uma produtora problemática e da minha fé nas pessoas (ha!), mas não abandonei o barco! Afinal, nem podia. Devo isso a vocês que acreditaram. Mesmo assim, tinha dois filmes para fazer. E rápido! Iniciei um outro projeto antes da hora, mas acabou dando certo, pois “Jurassic Power” ficou legal e mostrou que o assunto TEM potencial comercial. Todo mundo ficou interessado na vida dos paleontólogos e nos dinossauros. Logo, esse é um dos meus projetos para o ano que vêm, um documentário de longa-metragem sobre o assunto.

E aí veio o “teste” que deu certo. Sabe tudo isso que falei sobre falta de preparação e técnica para “Distress” e, especialmente, “When It Ends”? Isso não existe mais! E as filmagens de “Destiny” provaram isso. Filmamos muita coisa em apenas um dia, com equipe reduzida e com praticamente o mesmo equipamento de “When It Ends”, porém, a qualidade disparou para o topo! Encontrei o estilo certo, gostei dos movimentos de câmera, dos cortes, dos novos ângulos, de tudo. Foi uma grande vitória! Primeiro por eu adorar, segundo pelo fato de NINGUÉM ter reclamado! Show né? O filme não é perfeito e sempre poderia ficar melhor, porém, ele foi escolhido para ser “fofo e meigo”, e ficou “fofo e meigo”, logo, missão cumprida! Essa também foi a primeira vez que dirigi um roteiro de outra pessoa. Experiência diferente, curiosa e bastante válida. Também foi a primeira comédia romântica. Gostei!

E aí chegamos ao fim dos estudos. Dirigi 3 filmes narrativos [“Distress”, “When It Ends” e “Destiny”], 2 pilotos informativos [“SOS TV” e um outro programa secreto], 1 mini-documentário [“Jurassic Power”], trabalhei em 4 curtas e ensaiei tanto para “The Flower Shop”, que decorei os movimentos dos atores! E tudo isso vai ser útil, pois vamos filmar muito em breve!

2013 promete mais luta. Agora, formado e oficialmente cineasta, vou fazer minha parte e criar, contar histórias, ajudar outros a contarem suas histórias. Tenho um “spec” (um filme para vender algo) de um longa-metragem de Ficção Alternativa chamado “O Monstro do Ártico”, a versão completa de “Jurassic Power”, vários vídeos comerciais com os quais me envolvi como produtor e diretor de elenco, e, claro. “The Flower Shop”. Vai ser um ano agitado, mas vai ser um ano de trabalho!

Nos vemos nas telas! ;D

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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3 Comments

  1. Alguma notícia sobre ‘Jurassic Power’? Sou muito fã de Jurassic Park e estou muito curioso sobre o documentário…
    Vai ser lançado ainda esse ano?

  2. Poxa, Barreto, que texto lindo! É incrível ver como quando você faz o que ama, as coisas fluem. Não que não tenha pedras no caminho. Até tem, mas flui. Parabéns pela coragem e determinação. Estou passando pela mesma fase (embora não pro cinema) e te entendo! Go go go! Sucesso!

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